sábado, 8 de novembro de 2008

teve show do breeders hoje. perdi o melhor show da minha vida.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Plano de drenagem dos arredores do Rio Pardo fascina a todos.

É galera, ficou foda.
Venho adiando esse momento por toda minha vida, semestre por semestre me prometendo que vou tomar jeito, não deixar tudo pra última hora, ater-me aos cronogramas e compromissos que traço pra mim mesmo. Etc. Daí chega a prova de matemática.
Sim sim, minha última esperança, era o cursinho, ou melhor a última esperança para o meu caso, pois minha esperança em si era exatamente que ocorresse o oposto do que talvez fosse minha salvação – e ocorreu aliás.
O negócio é que venho tentando, ou tendo uma vontade, débil, passageira, alimentada por endorfinas ou algo do tipo – aula de natação = lugar para fazer promessas de ano novo, ou semestre novo, ou semana nova. Mas ela é débil, passageira e... alimentada por endorfinas. Ou algo do tipo.
A aula do gordinho, o professor vindo direto do mundo real e cinzento, atuante veterano na área que é uma bosta mas é legal, é um enorme banho de água fria. “300 jornalistas tentando vaga no Estadão todo ano” chuá! “15 conseguem um lugar” brrrrrrr...
O ano de cursinho foi meu último ímpeto revisionista desses meus modos vagais, que me tornam tão especial, tão cheio de... potencial! Porque, se por um lado nunca faço nada decente, posso pelo menos dizer que sou um garoto dotado de muito talento, um gênio que escolhe não se esforçar exatamente por essa sua qualidade especial. Nunca me coloco à prova, o que me deixa na condição eterna de promessa. Até eu me tornar aquele tio que poderia ter sido tanta coisa.
Era o ano pra eu tomar jeito. Se ia ser obrigado a “estudar” – em aspas porque alunos da ECA são gênios, ainda não conheci um que estudou muito pra passar – mais um ano por causa de uma mísera colocação na Fudéste – fiquei em 64 e a segunda lista chamou até o 63 - melhor que aproveitasse pra finalmente assimilar uma disciplina decente. O estado das coisas era a prova de que viver na várzea, confiando na sorte e na facilidade que tinha pra algumas matérias, não funcionava. Era hora de virar gente.
Mas daí, olhem só!, eu passei! E todo aquele modelo de mundo varzeante, mas funcional ainda fazia sentido. E fiquei na mesma.
Muito importante, sim muito importante. A partir de agora planejo utilizar uma agenda, planejar direitinho o que vou fazer, com datas! Pra não ser pego desprevenido ao fazer o que faço melhor, empurrar com a ponta de meu umbigo meus compromissos para um momento incerto do futuro. Até eu acordar e ver que já é tarde demais, a aula de capoeira já começou. Várzea, várzea. Mas muda, sim, muda.
Já dizia o mestre: “se for pra aprender alguma coisa nesses anos de faculdade, desenvolvam disciplina, acordar na hora certinha...”. Aliás, eu comentei que a falação bem costurada do gordinho quase que me coloca numa redação de jornal? É esquisito. Estimulante de uma certa forma. Um banho de endorfinas.

Pelo menos dessa vez eu escrevi um texto...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

tranqueira

bom galera, tenho certeza que há um enorme público esperando ansiosamente, sentando o dedo no atualizar insistentemente pra tentar ver umas novidades no meu blog.

como sou um cara um tanto preguiçoso vou postar uns textos velhos, o que vocês verão a seguir (leia-se abaixo e depois acima). São textos produzidos para a disciplina "Leitura e Produção de Texos". A maioria dessas obras já são, na verdade, reciclagem de coisas que escrevi há muito tempo, por algum motivo obscuro. Novamente as trago à tona pois julgo importantíssimo para um autor o constante resgate e aperfeiçoamento de seu patrimônio artístico. Ah é, eu já admiti que sou preguiçoso logo no começo né?

então desencana.

essa primeira postagem vem de uma aula em que cada um dizia uma palavra que gostava. em meio a "coragem", "luz", "amor" e coisas afins eu soltei essa somente para descobrir que teria que escrever um texto com ela. pra quem me conhece não é muito difícil captar qual é.

Desespero de Viver
Por André Cabette Fábio

Aquele mar modorrento no qual boiava nunca lhe parecera tão opressor e mal cheiroso. O pontudo e incômodo dedo da morte nunca se mostrara tão próximo. A imagem de dejetos saindo de um encanamento de esgoto para o gélido e indiferente oceano lhe veio à mente. Era isso: um grande e fedorento dejeto pensante. Em alguns momentos seria ainda menos. Como chegara àquela situação? Atingira um fundo inimaginável, poço infinito,fosso de sua carcaça mal tratada. Era educado, vá lá, mas de que isso lhe valia? Sem seu sapato, sua valise ou seu chapéu? Sem alguém que o chamasse de senhor, abrisse a porta e permitisse que lhe apalpasse impunemente? Boiava numa vala comum de corpos pútridos, verruguentos e mal cheirosos, o seu não se distinguindo dos outros mais do que a narina esquerda da direita. A distinção de que tanto se orgulhara, descobria agora, não passava de alguns trocados numa conta bancária, um monóculo bem posicionado e o ar de superioridade que aprendera e cultivara. O terceiro mamilo que tinha de nascença, esse sim, antes um estorvo, agora era a única coisa que ainda o diferenciava dos outros e mantinha um pouco do orgulho de outrora. Daria de tudo para ter seu monóculo de volta. De tudo! Posicioná-lo-ia com orgulho na órbita esquerda, que então pressionaria e elevaria diversos graus. Seu nariz seguiria o movimento e todos ficariam impressionados com sua distinção e destreza no manejo dos canapés das festas para as quais certamente seria convidado. Então mostraria para eles! Ah, como mostraria! Para eles e seus canapés malditos, zombando dele com todo o seu conteúdo saboroso. Tudo o que podia fazer era ruminar seu ódio. Este, no entanto, pouco lhe adiantava. O fulgor raivoso que antes movimentara impérios, queimara celeiros e destruíra aperitivos hoje se apagava frente à realidade úmida. Seu peito, antes estufado e temido hoje estava murcho e repleto de verrugas, como o resto de seu corpo. Seu rosto, antes tão imponente, retrato perfeito de uma estirpe de gentlemen era agora um rascunho, sombra do antigo esplendor, quebrado, corroído, desfigurado pela incessante dor de cãibras que povoavam sua frágil estrutura. As articulações, antes tão articuladas, se encontravam hoje duras como a mais obscura cabeça de bagre no fundo de um congelador pertencente a uma adolescente com distúrbio alimentar. Malditas articulações! Não as movimentava havia dias. Desistira há muito de lutar e se acostumara a boiar a esmo, no triste compasso da resignação.

Num impulso alimentado pela insensatez, autopunição ou, quem sabe, inspiração divina resolveu esticar seu corpo uma última vez. Uma tentativa de acabar com tudo, quem sabe? Ou somente sentir algo diferente do fedor que crescia, ou do roçar de corpos inertes competindo por espaço. A verdade, como já disse, é que não pensou. O tranco vertiginoso e incontido que deu, jogando cada uma de suas extremidades para trás, sem sentir, sem calcular, sem ponderar, apenas agir, teve uma intensidade tremenda, energia que pensava ter há muito deixado sua forma decadente. Mas esse impulso não foi nada perto da fúria que tomou conta de seu corpo após essa ignição virtuosa. A força de exatos dez guaxinins raivosos tomou conta do frágil corpinho que começou a se contorcer numa convulsão descontrolada, elevando-o da superfície tal qual um peixe a se debater fora d’água. Se chocou contra a borda do vidro, para então mergulhar na água novamente e parar, exausto e ofegante. Sabia o que tinha de fazer. Navegou no seu âmago, expedicionou seu útero íntimo em busca das últimas energias, as arrancou então daquele poço profundo e as trouxe à tona com um último esforço, uma última tentativa. Jogou cada uma de suas extremidades para trás, a ponto delas quase se tocarem. Os espasmos convulsivos voltaram e, enquanto se debatia a esmo pelas bordas do jarro, babando e gritando feito um babuíno com gases, ainda conseguiu preservar um fio de lucidez navegando em sua mente desfocada. Teria que preservá-lo ou de nada adiantaria. Bateu uma vez na borda, quase no lugar onde o grande tampo deveria estar. Voou com força para o outro lado, ricocheteou com o traseiro, decolou para o alto, para o alto! Com o fim da ascensão só podia tomar um sentido. Não podia ser! Milímetro por milímetro voltava, rumava em direção à água salgada e insalubre da qual apenas escapara. Seria aquele gosto de ar fresco apenas uma última tortura? Esticou então seu último fio de sanidade, que reverberou e reverberou como uma corda tesa, prestes a se romper. Não se rompeu. Conseguiu girar o seu traseiro para o lado bem a tempo. Ricocheteou molemente na borda do vidro e escorregou sem pressa até o chão, tão sonhado e seco Éden.
Ainda se debateu um pouco na superfície de pedra, bufando e resfolegando feito uma senhora gorda num buffet de saladas. Estava a salvo. Pegou sua valise, calçou os sapatos, colocou o chapéu coco e, por último, e não sem um certo ar solene, posicionou seu monóculo sobre o olho esquerdo. Fora um milionário, um pepino e um prisioneiro, mas agora era a um picles a que aqueles malditos prestariam contas. Pagariam, um por um.

terça-feira, 17 de junho de 2008

A cada dois anos eu descubro que dois anos atrás eu era um idiota.

Será que daqui a dois anos eu vou descobrir que eu sou um idiota?



Pior, será que eu não vou descobrir que eu sou um idiota?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

while you're young

Durante o meu desenvolvimento intelectual e transformação em "gente" foram necessárias duas medidas para que eu me tornasse um ser humano menos intragável. Bom, até onde posso me lembrar, é claro. Foi um processo disciplinatório, supressão de impulsos infantis que invariavelmente tinham o fim de chamar a atenção. Crianças adoram atenção. Percebi a criança em mim e não gosatei. Tive que surpimir duas características de minha personalidade que ainda resistem fortes e provavelmente permanecerão por toda minha vida contribuindo, por bem ou por mal, na constituição do que gosto de chamar de "eu".
A primeira delas teve que começar a ser trabalhada na 4ª série. Nessa época eu tinha um gosto fora do normal por documentários. Chegava em casa e logo ia pra frente da televisão. Assistia qualquer coisa que estivesse passando no Discovery Channel até cair no sono ou satisfazer qualquer outro gosto, como videogames ou jogos de computadores. Nessa época, a maior parte da programação do canal ainda não tinha nos títulos termos como "sobrenatural", "detetives" ou "videntes" (hoje em dia há programas que combinam várias dessas palavras, criando títulos como "Detetives Videntes"), ou seja, apesar de um número exagerado de programas sobre a migração das zebras, o conteúdo não era dos piores. Acabei com quantidade elevada de conhecimentos inúteis nessa época que, obviamente, não podiam continuar assim! Utilizei tudo o que aprendi para fazer intervenções nas aulas ou mesmo nas raras conversas entre uma brincadeira e outra, adicionava qualquer informação remotamente relacionada com o que se dizia, não importava a forçação de barra que tivesse de ser empregada.
Ainda me lembro de uma vez em que a Tia Bete (nome clichê para professora de 4ª série que juro não ter inventado) falou algo sobre o espaço que fez com que eu me sentisse na obrigação de iluminar a vida de meus coleguinhas com um adendo sobre os novos projetos de ônubus espaciais que deveriam durar mais do que uma viagem. Um amigo comentou que também tinha visto isso na televisão, o que me deixou putíssimo visto que explicitava o caráter televisivo da minha formação intelectual.
De qualquer jeito, usei meus conhecimentos inúteis sempre que pude, cultivei a imagem de uma espécie de intelectual que permanece até hoje no imaginário de alguns de meus amigos mais antigos. O "pernosticismo" é, portanto, uma das características que eu busco reprimir. Entrei em contato com o termo quando, do banheiro, minha mãe interrompeu meu discurso sobre o sistema de esgoto de Paris e me acusou de apresentar essa característica em excesso. Não dei muita bola.
A atitude pernóstica só começou a me incomodar quando, como acontece com a maioria das características ruins que apresentamos, eu a identifiquei em outras pessoas, colegas de classe querendo dar uma de esperto. Eu só enxergava em seus comentários a tentativa de impressionar os outros e criar uma aura de sabedoria porque eu mesmo fazia a mesma coisa. Acontece que só eu podia fazer isso!
Minha atitude não sobreviveu à contradição, fui deixando de lado o reflexo de intervir em qualquer conversa com uma pérola de conhecimento. Deixei escapar, dolorosamente, diversas brechas para "adendos". Aos poucos essa característica foi ficando um pouco mais calculada, primeiro tornando minhas táticas para demonstrar sabedoria um pouco mais sofisticadas e imperceptíveis e depois palpitando só nas coisas que eu realmente achava que eu devia palpitar, sempre tomando o cuidado para detectar qualquer motivação narcisista. Continuo pernóstico, mas um pouco mais comedido e humilde, se bem que eu deva ser meio suspeito para falar de mim.
Recentemente começo a me questionar se todo esse esforço foi realmente positivo. Demonstrar conhecimento à toda hora é conviver com as informações o tempo todo, é uma motivação a mais para retê-las e isso faz com que as tenhamos sempre à mão, o que é bom. O pernosticismo, para pessoas razoavelmente inteligentes pode ser um desajuste social (sim, desajuste porque é algo muito chato e, mesmo que à primeira vista atraente, se torna irritante e repelente quando o interlocutor não é um idiota) positivo. No esforço para se mostrar inteligente a pessoa pode acabar se tornando um pouco mais. Por outro lado, não tenho certeza se pessoas inteligentes conseguem deixar de enxergar a futilidade do ato e continuar sendo pedantes...
Bom, a outra característica pentelha fica pra outro pôust.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Tábua de Frios

Hoje resolvi montar uma tábua de frios. Fui ao supermercado, comprei presunto, salame, mortadela, peito de peru, peito de frango...
Cheguei em casa e logo cortei tudo em finos e deliciosos pedaços que foram então organizados em círculos concêntricos, seguindo o contorno da tábua que guardo para esse propósito. No final ficou um lindo arranjo de alimentos. Me diverti muito e dei risadas o tempo todo, acho todo o conceito de "organizar carne" engraçadíssimo.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

fôlego

Hoje fui assistir a um documentário sobre a ótima banda Joy Division.
Os caras conseguiram captar perfeitamente o Zeitgeist dos anos em que eles produziram seus dois álbuns! Muito bom mesmo.
Eu, garoto inteligente o suficiente pra saber que sou burro, saio com um sentimento de frustração. Tenho a perfeita noção de que aqueles caras, no geral, não eram gênios (acima da média, mas nada absurdo!). Tinham alguma coisa que significava algo para a sociedade da época, o que era uma questão de química entre eles e o estado de espírito adequado (que o vocalista Ian Curtis aparentemente impunha).
Fico até o final dos créditos (para mostrar meu apreço e identificação com a banda), venho para casa andando rápido e empolgado, passo por dois caras suspeitos, um deles olha pra mim e o outro pede o celular, só que não ameaçadoramente o suficiente, quando eu passo. Ignoro, vou pro outro lado da rua e continuo até chegar em casa, quando encontro um colega de apartamento com uma de suas presas (presumo), cumprimento e abro as portas do meu prédio, subo com todo aquela empolgação, muito legal mesmo! Acho que conseguiria criar algo emblemático do espírito do tempo! (o CSS chegou bem perto disso, seu estilo é safadinho, engraçadinho, fofo e poser, como a maioria da indieligentzia paulistana)
De qualquer jeito, subo em casa, ligo o computador, coloco Joy Division, vou pra sala, pego uma garrafa de Velho do Engenho e começo a tomar com gelo! Rébelds! Volto pro computador e escrevo esse texto...
Aliás, deixa eu abaixar o som que os vizinhos reclamam.